A teoria das cordas é a corrente científica que procura definir todas as dimensões no universo. Além das tradicionais largura, comprimento e profundidade, há a dimensão que engloba todas as formas que um corpo tem, teve e terá ao longo do tempo - é a quarta. O conjunto de todos os estados que o objeto não só tem no tempo, como teria ou poderia ter tido caso certos eventos ocorressem é denominado quinta dimensão.
Ela permaneceu no aeroporto, observando os aviões ao sol. Talvez também pudesse ter ganhado uma bolsa em Harvard. Alguns professores diziam que era inteligente, mas nunca se destacara como aluna. Talvez porque não tivesse paciência para se dedicar à escola. Ou porque nunca encontrara uma matéria de interesse. Ou simplesmente por azar. Quando se deu conta, batucava uma música com as unhas no braço sofá onde estava sentada.
Batucar as unhas! Um dos pequenos e mais notáveis vícios dele. Era irritante e ela viva reclamando disso, então por que o acabara copiando?
Um pequeno sinal de que sentiria a falta do amigo?
Desejara-lhe sorte. Mas o que era a sorte? Que tudo seguisse conforme os planos dele - terminar a faculdade, tornar-se um físico de sucesso e ser feliz do outro lado do oceano? Que tivesse ótimas memórias dos Estados Unidos, mas não se adaptasse ao american way of life e voltasse para a Alemanha ao fim do curso? Ou - e como ela odiava pensar nessa perspectiva - que odiasse Harvard, que odiasse os americanos, que se arrependesse de sequer ter pensado em estudar fora e voltasse o mais rápido possível para Berlim, para ela?
As possibilidades eram infinitas. Encontrar uma favorita era inútil; simplesmente esperaria a que viesse. Mas que viesse logo.
O avião dele partia e a clarividência já vinha. Ela não podia prever o futuro, mas tentaria não só fazê-lo como também ver todo o presente. A onisciência por especulação. Tentaria imaginar onde ele estava, como ele estava, o que estaria pensando, o que acontecia à sua volta, enfim, uma série de detalhes ínfimos que acabariam por decidir se ele voltaria para casa. Se conseguisse listar todas as perspectivas, uma delas haveria de estar certa.
Sentiria - já sentia - a sua falta, e só se dera conta disso ali, no aeroporto. Ele que estava sempre ali, estável, no mesmíssimo lugar, agora se fora. Era uma sensação tão estranha ver que ele não estava mais sempre perto. Um vazio? Não era seu melhor amigo, mas com certeza o mais fiel. A seguia onde quer que fosse, ouvia todas as suas mazelas, o único a dispensar o apelido e chamá-la de Annelise. Um amigo e fã que por vezes até beirava o cômico.
Podia ser como nos filmes. Ela se arrependeria de não ter-lhe dado todo o carinho e atenção que ele merecia, em todos os anos em que se conheciam. O amava, e só teria percebido isso depois que ele foi embora. Iria urgentemente até o guichê de uma das companhias aéreas do aeroporto, e descobriria que o vôo mais próximo para a América partiria em três minutos. Compraria as últimas passagens, correria até o avião e viajaria no mesmo dia em busca de seu amor.
Podia ser assim. Mas não era.
Se ele resolvesse voltar seria exatamente como antes - ele como seu fiel escudeiro. Talvez o daria mais atenção após tê-lo quase perdido, mas ele continuava significando o mesmo para ela: um amigo querido.
Sim, sentiria a falta dele. Todas as pessoas vinham e iam e voltavam, mas ele era o único que sempre permanecia. E agora que ele também foi? Talvez sentisse mais falta ainda de sua presença irritante e estável. Então ela era tão nojenta a ponto de precisar de um adorador eterno? Era tão egoísta e até mesmo invejosa a ponto de ficar feliz se seu sonho fracassasse? Ela era uma completa babaca!
A culpa a corroía, mas ela ainda olhava o céu. Babacas não sentem culpa, sentem? E ele não era somente um adorador, era o Alfred, não é?
Mas não valia a pena se questionar tanto se o que ela pensava não valia nada. Não importava se era a nojenta, se realmente torcia pelo sucesso dele tão longe ou ambos: a opinião dela não mudaria seu destino, e isso era libertador. Ele já se fora; a sorte já tinha sido lançada.
Acendeu um cigarro e voltou pra casa.
xxx
Acho que o melhor texto completo que eu já escrevi. *-* Estranho como a gente associa as coisas que a gente escreve a aleatoriedades como... Lady GaGa (fiquei com Alejandro na cabeça por séculos por causa do Don't wanna kiss, don't wanna touch, just smoke my cigarette and run o_o). E começo a perceber que tenho mania de personagens drogados: a Annelise, a Lily fumante em Truce e o Thomas Hale que vira o copo de whisky por desilusão em Senzafine, o livro que escrevo há 3 anos e SIM, tô com um puta writer's block pra continuar. @_@
Também odiei o layout novo, mas tô sem paciência pra fazer um melhor agora. Pelo menos depois da tensão pré-Exame de Qualificação UERJ provavelmente vou ter mais tempo (depois de me FUCKING MATAR DE ESTUDO E ESTRESSE pelo menos eu tirei 46. ô/)
Mas ainda tem o Exame Discursivo. E o Enem. E a prova da UFRJ. E a da UFF.
Vou ter que reviver pra me matar de novo. D:
Ela permaneceu no aeroporto, observando os aviões ao sol. Talvez também pudesse ter ganhado uma bolsa em Harvard. Alguns professores diziam que era inteligente, mas nunca se destacara como aluna. Talvez porque não tivesse paciência para se dedicar à escola. Ou porque nunca encontrara uma matéria de interesse. Ou simplesmente por azar. Quando se deu conta, batucava uma música com as unhas no braço sofá onde estava sentada.
Batucar as unhas! Um dos pequenos e mais notáveis vícios dele. Era irritante e ela viva reclamando disso, então por que o acabara copiando?
Um pequeno sinal de que sentiria a falta do amigo?
Desejara-lhe sorte. Mas o que era a sorte? Que tudo seguisse conforme os planos dele - terminar a faculdade, tornar-se um físico de sucesso e ser feliz do outro lado do oceano? Que tivesse ótimas memórias dos Estados Unidos, mas não se adaptasse ao american way of life e voltasse para a Alemanha ao fim do curso? Ou - e como ela odiava pensar nessa perspectiva - que odiasse Harvard, que odiasse os americanos, que se arrependesse de sequer ter pensado em estudar fora e voltasse o mais rápido possível para Berlim, para ela?
As possibilidades eram infinitas. Encontrar uma favorita era inútil; simplesmente esperaria a que viesse. Mas que viesse logo.
O avião dele partia e a clarividência já vinha. Ela não podia prever o futuro, mas tentaria não só fazê-lo como também ver todo o presente. A onisciência por especulação. Tentaria imaginar onde ele estava, como ele estava, o que estaria pensando, o que acontecia à sua volta, enfim, uma série de detalhes ínfimos que acabariam por decidir se ele voltaria para casa. Se conseguisse listar todas as perspectivas, uma delas haveria de estar certa.
Sentiria - já sentia - a sua falta, e só se dera conta disso ali, no aeroporto. Ele que estava sempre ali, estável, no mesmíssimo lugar, agora se fora. Era uma sensação tão estranha ver que ele não estava mais sempre perto. Um vazio? Não era seu melhor amigo, mas com certeza o mais fiel. A seguia onde quer que fosse, ouvia todas as suas mazelas, o único a dispensar o apelido e chamá-la de Annelise. Um amigo e fã que por vezes até beirava o cômico.
Podia ser como nos filmes. Ela se arrependeria de não ter-lhe dado todo o carinho e atenção que ele merecia, em todos os anos em que se conheciam. O amava, e só teria percebido isso depois que ele foi embora. Iria urgentemente até o guichê de uma das companhias aéreas do aeroporto, e descobriria que o vôo mais próximo para a América partiria em três minutos. Compraria as últimas passagens, correria até o avião e viajaria no mesmo dia em busca de seu amor.
Podia ser assim. Mas não era.
Se ele resolvesse voltar seria exatamente como antes - ele como seu fiel escudeiro. Talvez o daria mais atenção após tê-lo quase perdido, mas ele continuava significando o mesmo para ela: um amigo querido.
Sim, sentiria a falta dele. Todas as pessoas vinham e iam e voltavam, mas ele era o único que sempre permanecia. E agora que ele também foi? Talvez sentisse mais falta ainda de sua presença irritante e estável. Então ela era tão nojenta a ponto de precisar de um adorador eterno? Era tão egoísta e até mesmo invejosa a ponto de ficar feliz se seu sonho fracassasse? Ela era uma completa babaca!
A culpa a corroía, mas ela ainda olhava o céu. Babacas não sentem culpa, sentem? E ele não era somente um adorador, era o Alfred, não é?
Mas não valia a pena se questionar tanto se o que ela pensava não valia nada. Não importava se era a nojenta, se realmente torcia pelo sucesso dele tão longe ou ambos: a opinião dela não mudaria seu destino, e isso era libertador. Ele já se fora; a sorte já tinha sido lançada.
Acendeu um cigarro e voltou pra casa.
xxx
Acho que o melhor texto completo que eu já escrevi. *-* Estranho como a gente associa as coisas que a gente escreve a aleatoriedades como... Lady GaGa (fiquei com Alejandro na cabeça por séculos por causa do Don't wanna kiss, don't wanna touch, just smoke my cigarette and run o_o). E começo a perceber que tenho mania de personagens drogados: a Annelise, a Lily fumante em Truce e o Thomas Hale que vira o copo de whisky por desilusão em Senzafine, o livro que escrevo há 3 anos e SIM, tô com um puta writer's block pra continuar. @_@
Também odiei o layout novo, mas tô sem paciência pra fazer um melhor agora. Pelo menos depois da tensão pré-Exame de Qualificação UERJ provavelmente vou ter mais tempo (depois de me FUCKING MATAR DE ESTUDO E ESTRESSE pelo menos eu tirei 46. ô/)
Mas ainda tem o Exame Discursivo. E o Enem. E a prova da UFRJ. E a da UFF.
Vou ter que reviver pra me matar de novo. D: